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Da caverna à luz

Colossenses é um dos livros com uma mais rica Cristologia da Bíblia. A leitura deste texto sempre me faz refletir sobre minha posição diante de Cristo.

Caverna Platão
Obtida em http://homoliteratus.com/wp-content/uploads/2014/02/the_cave_by_inspectorpepe-d5towvp.jpg, 15/12/2017 às 14:02.

Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor... (Cl. 1.13)

Quando leio este verso, não consigo deixar de relacioná-lo com o Mito da Caverna de Platão, que tanto o Jonas Madureira usa como exemplo em suas pregações e palestras. Nós, enquanto nas trevas, víamos apenas sombras distorcidas da realidade, mas pensávamos ser toda a realidade possível. Presos e acorrentados, incapazes de nos fazermos livres e sairmos daquela situação. As correntes que nos prendiam eram nossos pecados, nossa maldade. Nossa natureza humana nos mantinha ali. Não havia esperança para nós, visto que nem mesmo vontade de mudar este quadro havia em nossos corações. Estávamos ali, abandonados a nós mesmos, entregues a morte. Agindo já como mortos, inertes, famintos e ignorantes.
Até que, quando nossa pele já delineava o formato de nossos ossos, sem merecimento nenhum de nossa parte, o Senhor de todo o Universo vai ao nosso encontro e remove as correntes. Se sua ação parasse ali, nada além disso teria acontecido. Incapazes estávamos de levantar e procurar a saída e, mesmo que conseguíssemos, nossos olhos já não aceitariam a luz que lá fora estava e voltaríamos correndo para dentro como animais que fogem do fogo.
Mas não foi assim...
Em sua graça e beleza, o Triúno Deus nos toma em seus braços e nos transporta até a saída, nos tirando daquelas trevas. Ele nos põe em contato com a luz e rompe nossa cegueira. Vemos que a luz é verdadeira, a luz é a Verdade e que irradia do próprio Deus. Diante de tal luz e tal calor, vida volta ao nosso corpo, o coração passa a bater saudavelmente e carne volta a cobrir o espaço entre pele e ossos. Respiramos um novo ar e sentimos um aroma que nunca tínhamos sequer imaginado que pudesse existir. Em meio a tudo isso, podemos fazer nossas as palavras de Agostinho:
Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez. Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira. Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti. Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz.
                Nossos pés pisam o chão e a fraqueza nos abandonou. Contudo, a força que nos sustenta não é nossa, mas vem desta luz viva que nos salvou. E agora até o que pensamos já não pertence mais a nós mesmos, mas vem da vida que nos foi dada. E a Vida nos manda novamente para dentro da caverna com a missão de darmos as boas notícias àqueles que ainda estão lá. Somos avisados que o caminho agora não será fácil, mas que ele é também Caminho e que estaria sempre conosco. Mesmo sabendo que seremos odiados por aqueles que ainda estão nas trevas e que talvez tentem nos matar, vamos dispostos, pois a vida já não é mais nossa. A autoridade da palavra que falamos também já não é mais nossa e a obra de trazer para a luz também não é nossa responsabilidade. Somos apenas os mensageiros, as testemunhas.
                Agora, como estrangeiros na caverna, com os olhos iluminados, podemos ver a realidade do mundo caído. Como embaixadores, esperamos a nossa chamada de volta para o lar.
E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão. E verão o seu rosto, e nas suas testas estará o seu nome. E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre. (Ap. 22:3-5)
E lá, eternamente, estar com aquele que provou ser o Caminho, a Verdade e a Vida. Absoluto e infinito, o Alfa e o Ômega, viveremos sob a luz, sem mais cavernas e trevas. Seremos o que fomos feitos para ser, viveremos para a glória daquele que nos amou e resgatou.
Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste. (Cl. 1:15-17)

Soli Deo Gloria.


Comentários

Unknown disse…
Parabéns, muito boa reflexão.
Crescimento, maturidade profundidade na Palavra de Deus, características de um verdadeiro cristão!