Pular para o conteúdo principal

"Amor" é um título clichê, mas não haveria outro melhor pra este texto

O amor humano é uma das coisas mais relativas que conheço. Durante a vida alteramos mais de uma vez nosso conceito de amor. Atualmente a moda global é dizer que "toda a forma de amor é válida", o que tem se mostrado mais uma das ignorâncias humanas faladas para contentar quem fala e quem ouve. Entretanto, não pretendo falar em amor nesta escala agora. O que esperar do amor? Satisfação? Felicidade? Qual a origem da nossa capacidade de amar?
Seguidamente vejo, inclusive comigo algumas vezes, pessoas abandonando completamente seu conceito de amor, pois em algum ponto o amor, amar e/ou uma pessoa amada feriram seu orgulho. O amor ao qual eu me refiro é relacionado a capacidade de amar. Alguém com o orgulho machucado leria este texto de forma diferente. Se o amor pode ser esquecido, abandonado ou morto pelo orgulho, poderia concluir que o orgulho é um sentimento mais forte? Coisas semelhantes acontecem em relações entre amor e medo, amor e ódio, amor e ansiedade, entre outros. Vendo assim, o amor, dito como o sentimento mais forte de todos, é um dos poucos sentimentos que é sobreposto pela maioria dos outros. Seria ele então o mais fraco?
Um outro ponto de vista seria observar que em muitos casos o sentimento amor não é sobreposto ou substituído, mas transformado, corrompido. A cada vez que transformamos o amor em algum outro sentimento, perdemos um pouco mais da nossa capacidade original de transformar outros sentimentos em amor. Sim, temos esta capacidade desde a criação. Sim, fomos criados, seja lá qual seja a sua visão disso, fomos criados. Toda a vez que corrompemos o amor com ódio, por exemplo, estamos escolhendo corromper junto nossa essência original até chegar em um ponto onde somos completamente comandados pelo sentimento que estamos usando para corromper o amor. Existem bilhões de pessoas hoje sendo controladas pelo medo, ódio, ansiedade, paixões, entre outros.
Mesmo que uma outra pessoa seja a autora da ferida que gerou o sentimento que está corrompendo o amor, esse alguém não é culpado pela "porcaria" na qual amor se transformou. Com o tempo perdemos a capacidade de ver o amor, de amar, de sentir quando estamos sendo amados, mas o desejo e a fome de "amor" não some. Passamos a declarar amor e acreditar que amamos mentiras criadas por nós mesmos. Começamos a nos apegar ao que temos perto e amar isso. Para os medrosos, a ilusão de controle, para os dominados pelo ódio, a sede de justiça, para os ansiosos, paixões sem amor, por exemplo. Sem o real amor passamos a lutar por ideais vazios, apenas nos apegamos a eles e mentimos para nós mesmos estarmos fazendo o certo. Perdemos a capacidade de amar e mesmo assim acreditamos possuir a capacidade de saber o certo a se fazer?
Então, onde está o amor? "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça".
Estaria ele onde ridicularizamos? Estaria ele onde afirmamos para nós mesmos que não existe? Haveria alguém que sabe da nossa real capacidade de transformar outros sentimentos em amor e faz o possível para não a descobrirmos nos mostrando falsos amores? Achamos mesmo que estamos no controle? Não estaríamos corrompidos demais para saber? Novamente uso a frase que tirei de um livro bem antigo, imagino que conheça sem eu precisar dizer qual.
"Quem tem ouvidos para ouvir, ouça".

Comentários